Certa vez, uma alminha no céu decidiu reencarnar. Era uma chama de luz, muito brilhante, na nuvem, esperando para encarnar.
Tinha subido havia algum tempo, e tinha dedicado um período a analisar o passado, a vida passada. Aliás, as vidas passadas.
Tudo o que tinha cumprido e o que nem tinha. Emoções tortuosas que tinha limpado e outras que tinha ganhado.
A alminha, na nuvem, se preparava para uma nova jornada. E preparava também a missão. O que escolhera desta vez. As tensões a que iria ser sujeita, para que a sua nova tarefa vingasse.
Escolhia o tipo de país, o tipo de pais, as condições econômicas, sociais e atmosféricas.
Se iria nascer com a emoção à flor da pele, ou com um bloqueio desmesurado.
Tudo foi combinado ao pormenor com as outras almas com quem iria cruzar no seu caminho. Quando encarnasse e entrasse no corpo de um bebê, iria se esquecer de tudo.
O véu do esquecimento é implacável.
Só havia uma única coisa que lhe pediam que nunca esquecesse. Só uma.
«Pode esquecer-se de tudo o que combinamos, pode até falhar na missão, bloquear as emoções ou não chegar sequer a evoluir.
Só lhe pedimos que não se esqueça de uma coisa. Não se esqueça de que não pode deixar, em hipótese alguma, apagar a sua luz. Pode acontecer tudo, mas não deixe que ela se apague.»
Esta é a sua história. Eu sei que se esqueceu de tudo.
Mas sei também que não se esqueceu do essencial.
Fazer tudo o que estiver ao seu alcance para nunca deixar apagar a sua luz.
JESUS
